Entre tragos e reflexões, o cineasta narra sua trajetória
Hércules, com um quê de Lispector, no Campus Dom Bosco (UFSJ). |
“Todo mundo que cresceu estudando cinema comigo queria fazer um filme, mas ninguém fazia. Eu falei ‘Cara, eu vou fazer, não deve ser difícil’”, conta Hércules com muito bom humor. Ele começou escrevendo a história em uma aula de literatura, antes mesmo da faculdade. Obstinado, quer lançá-lo em festivais para dar visibilidade ao seu produto.
“Quando passei em Cinema em São Carlos, desisti e vim fazer Teatro aqui. O Coppola não é formado em Cinema, mas em Teatro, e fez ‘O Poderoso Chefão’! Então se tem alguma resposta, tá lá. E tava mesmo, tá aqui na UFSJ”. Como diretor e roteirista, Hércules contratou uma produtora. Amaury Lopes, da Octa Filmes, fez a direção de fotografia e edição. Gravado em São João del-Rei, com cenas no Solar da Baronesa, Barteliê, Estação, Leite de Castro… o filme é um verdadeiro roteiro turístico. “A gente explorou a cidade. São João é muito bonita”, explica.
Os personagens Marcelo, Clarice e Isaac são interpretados por Hércules Gouveia, Halina Cordeiro e Nelson Bruno Delfino: “Eu, Halina e Nelson ficamos três meses ensaiando. Foram três meses conversando pra gravar em três dias”, diz.
O nome “Modernistas e Parnasianos” faz referência aos personagens Marcelo e Clarice. “É uma metáfora do encontro do modernismo e do parnasianismo que tá nos personagens. O romance deles é o embate artístico entre os dois movimentos”, narra o diretor.
Edward Hopper, Stairway at 48 Rue de Lille, Paris, 1906 |
“Arte é sobre almas” aparece sobre um fundo preto no início do trailer. A frase dita no curta pela Clarice guia a relação entre os personagens, pois “o Marcelo é um bom escritor, mas não é artista. Ela que coloca a arte nele. A Clarice tem sempre essas falas. Cê tem que saber muito bem sobre tua própria alma pra falar da dos outros. Eu acho bem impactante falar que arte é sobre almas: você tem tocar a alma das pessoas”, reflete.
Sobre a escolha da trilha sonora melancólica, ele responde: “música clássica é de graça, aí eu uso a rodo”. Mas tem um segundo motivo: “sempre estudei música clássica. Quando passei para os filmes, fiquei nesse gênero mesmo. Aos poucos, vou quebrando isso, mas por enquanto dá um toque artístico, já que é um filme sobre arte”.
O momento chave para a concretização de filme foi a depressão de Hércules. “No começo do ano passado tive depressão muito forte, daí voltei pra casa por um semestre e já tinha desistido. Não queria nem voltar pra cá”. Após meses pensando em desistir, no primeiro dia do semestre seguinte, decidiu fazer o filme. “Halina aceitou o importante papel de Clarice e deu tudo certo, porque pessoas acreditaram em mim também”, desabafa.
Ao final da entrevista, Hércules se mostra grato: “Nesse momento que a gente tá, eu posso agradecer de coração a influência que a universidade pública me deu. Temos sempre que mantê-la, fazer de tudo para não reduzir e sucatear. O filme surgiu na universidade por causa da universidade, então tenho que agradecer”.
Sinopse (por Hércules Gouveia):
"Modernistas e Parnasianos” conta a história de Marcelo, um jornalista escritor que está lançando seu primeiro livro antes dos 25. Só que ele tem a fixação de escrever um Crime e Castigo, um Dom Casmurro, mas o livro é um best-seller. Então ele entra numa crise existencial. É quando Clarice, que é pintora, entra em sua vida e muda a percepção dele. É um romance, mas é um romance mais sobre alma do que sobre amor.
Para assistir o filme do Hércules é só clicar AQUI.
Texto por: Cleo Moraes
Foto por: Thauana Gomes e Divulgação
Texto por: Cleo Moraes
Foto por: Thauana Gomes e Divulgação
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